ZEN E A ARTE DE
MANUTENÇÃO DE MOTOCICLETAS
(Robert Pirsig)
Atualizado em
09/03/2016
Robert e Chris
Fonte: Punk Brega (2011)
SOBRE O LIVRO
É um romance zen e verídico do filósofo
norte-americano Robert
Pirsig (1928) (WIKIPÉDIA, 2011a), inspirado em obras tais como “A
Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen”, do filósofo alemão e mestre de Kyudo (arte
marcial japonesa de arco e flecha) Eugen Herrigel (1884-1955) (WIKIPÉDIA, 2011b).
Escrito em 1974, retrata uma viagem de
motocicleta, de Robert com seu filho Chris, durante 17 dias pelos Estados Unidos dos Anos
60 – de intenso diálogo filosófico e existencialista que o autor o caracteriza como chautauqua (segue fundamentação teórica que explica o significado desta
palavra). Nessa longa viagem, dialogam entre si pai e filho, sobre filosofia de
vida – trocando idéias sobre definições, conceitos e teorias de qualidade.
Corroborando com que observa
Pirsig, hoje
bem mais do que na época em que ele escreveu o livro, pessoas estão carentes de
diálogos francos face a face. Porque cada vez mais, pessoas estão
sendo direcionadas por audiovisuais subliminares de interesse de anunciantes,
para venderem seus produtos e ganharem muito dinheiro. E esses audiovisuais
subliminares promovem mais prazeres mundanos e hedonistas, movidos pelas
emoções desenfreadas do coração, sem uma efetiva harmonia com a mente sob a
égide da consciência (entenda “sob a égide da consciência” como “sob o
guarda-chuva da consciência”).
FUNDAMENTAÇÕES
TEÓRICAS
(Fundamentações Teóricas são Conhecimentos
Úteis extraídos de uma obra, para fundamentar um trabalho científico).
(As palavras de Pirsig estão
entre aspas negritadas (“”) e as interpretadas pelo Egoshi, em verde negritado)
“Andamos sempre correndo tanto que não temos muitas oportunidades para
conversar. Daí aquela eterna superficialidade do cotidiano”. P. 15.
Você já reparou que até casais em sua
grande maioria, só vivem superficialidades no dia a dia? Não dialogam sobre
coisas mais sérias e importantes de suas vidas – ao contrário, preferem festejar,
passear e viajar juntos, para esquecer-se de problemas e “aproveitar a vida”.
Assistem juntos, comem juntos, dormem juntos, fazem amor um ao outro – e acham
que está tudo bem. Mas não está. Quando perceberem, é tarde demais. No mínimo,
a vida ficou sem graça – porque o tempo passou e viveram toda uma vida de
superficialidades, sem trocar e curtir ideias e coisas que realmente valem a
pena.
“As chautauquas eram séries de
palestras populares, muito em voga no século passado e em princípios deste
século, que visavam edificar, divertir, aprimorar o raciocínio e fornecer
cultura e informação ao espectador. Com o advento do rádio, do cinema e da
televisão, que são meios de comunicação mais rápidos, as chautauquas foram extintas; só que, a meu ver, a troca não foi
muito vantajosa”. P. 15.
“Quem é que vai ao trabalho sorrindo na segunda-feira?”. P. 16.
“As leis da natureza foram inventadas pelos homens, assim como os
fantasmas. As leis da lógica e da matemática também foram inventadas pelos
homens, assim como os fantasmas. Tudo o que existe foi inventado pelos homens,
inclusive a idéia de que não foi”. P. 40.
“Tanto a “natureza” quanto as “leis da natureza” são frutos de nossa
imaginação”. P. 126.
Entre a natureza e a compreensão que um ser
tem sobre toda essa natureza, há um filtro – que é todo o seu sensorial. E nesse
sensorial, o humano incutiu toda a Ciência – que é mais filtro ainda. A Ciência
é como um quadrado cheio de regras, para onde cientistas costumam encaixar toda
a natureza. P. 127.
A lógica do humano discrimina entre o sujeito
e o objeto de algo (Pirsig critica essa separação). P. 138.
“Etimologia da palavra qualidade”.
P. 183.
“Não era subjetiva, nem objetiva”. P. 225.
Subjetividade e objetividade advêm de uma
mera categorização e classificação taxonômica (Taxonômica refere-se à Taxonomia
que é a Ciência da Organização do Conhecimento).
“Qualidade é a mãe, a origem de todos os sujeitos e objetos”.
P. 235.
“Quem percebe mais facilmente a Qualidade são as crianças, as pessoas
humildes e “sem instrução”, porque não têm nenhuma predisposição a adquirir
cultura intelectual, e nem qualquer prática de formalização que incuta neles
tal cultura de forma mais profunda”. P. 236.
“As pessoas enxergam a Qualidade de modos diferentes porque a abordam
segundo conjuntos diferentes de correspondências”. P. 238.
“As pessoas têm opiniões diferentes sobre a Qualidade, não porque a
Qualidade seja diferente, mas porque as pessoas trazem bagagens existenciais
diferentes”. P. 238.
“A Qualidade é a reação de um organismo ao seu ambiente”. P. 239.
“A
Qualidade é o estímulo constante que nos é imposto pelo meio ambiente para que
criemos todo o mundo em que vivemos, nos mínimos detalhes”. P. 239.
“A criatividade, originalidade, inventividade, intuição, imaginação – em
outras palavras, o “desempacamento” – estão completamente fora da alçada do
método científico”. P, 267.
“Nosso universo intelectual comum entrou num processo de fuga, de
rejeição do mundo romântico e irracional do homem pré-histórico. Desde antes de
Sócrates foi necessário rejeitar as paixões, as emoções, para libertar o
raciocínio, com o objetivo de compreender a ordem da natureza, ante o momento
desconhecido. Agora é tempo de aprofundar o conhecimento sobre a ordem natural,
através da recuperação daquelas paixões, originalmente rejeitadas. As paixões,
as emoções, e o universo afetivo da consciência humana também fazem parte da
ordem natural. Aliás, são o cerne dessa ordem”. P. 280.
“A paz do espírito não está na superfície do trabalho técnico. A paz do
espírito é tudo”. P. 280.
“Eu disse paz interior”. “Essa paz implica numa entrega que produz uma
identificação total com as circunstâncias do momento, e existem vários níveis
de identificação, vários níveis de paz, tão profundos e difíceis de alcançar
quanto mais familiares são os níveis de atividade”. P. 281.
“Acredito que, quando esta idéia de paz de espírito for introduzida e
transformada no componente central do trabalho técnico, poderá ocorrer a fusão
da qualidade romântica com a clássica num nível básico, dentro de um contexto
prático de trabalho”. P. 282.
“Nós realmente precisamos reviver a integridade individual, a
autoconfiança e o velho brio”. P. 340.
“Um trecho de Thoreau: “Nunca se ganha nada sem perder alguma coisa””.
P. 357.
INSIGHTS DO EGOSHI SOBRE CIÊNCIA
E REALIDADE APÓS ESTUDAR O LIVRO
(Insight é algo útil que advém à nossa mente – após
leitura, por exemplo)
Ciência é invenção humana que crê na existência de leis da
natureza.
Qualidade também.
A Filosofia inventou a Ciência que inventou a Tecnologia e
a Qualidade.
Universo é ilimitado, explicado dentro da invenção humana
que é limitada.
Qualidade também.
Normas são cheias de frescuras e hipocrisias.
Porém,
normas definem a qualidade objetiva de produtos que
empresas criam e vendem aos consumidores
movidos tanto pela emoção (gosto)
quanto pela razão (utilidade).
Realidade é só Aqui e Agora efêmera.
Qualidade também.
A Lógica da separação entre sujeito e objeto limita a
percepção da realidade.
A realidade é além dessa separação.
Devemos perceber a Qualidade também além do sujeito e do
objeto.
Pirsig crítica o ensino tradicional.
Porém,
o ensino tradicional não deve ser descartado porque é
simplificado e sintetizado;
o humano comum dos mortais só tem capacidade de entender de
forma simplificada aos poucos
ao longo de sua vida.
Daí, o ensino tradicional deve ser complementado com outros
conhecimentos.
O ensino tradicional, que é objetivo, deve ser
complementado,
não só com outros conhecimentos informais,
como também pela pura subjetividade ausente de objetividade.
Também o conceito de Qualidade.
Referências Bibliográficas