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quarta-feira, 3 de outubro de 2012


THOMAS WOODROW WILSON – O TERCEIRO FUNDADOR DA CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO
Copyright @ Koíti Egoshi, 03 de Outubro de 2012
Todos os Direitos Reservados – Permitida a Cópia desde que citada Esta Fonte

THOMAS WOODROW WILSON
Fonte: Wikipedia (2012)

Os engenheiros Taylor e Fayol não só criaram a Ciência da Administração, como também a Escola de Administração e a Profissão de Administrador.  

Frederick Winslow Taylor (1856-1915) no chão da fábrica, buscando melhores meios de aumentar a produtividade – no sentido bottom-up (de baixo para cima). Deixou para sempre registrada essa sua façanha no seu livro Principles of Scientific Management (Princípios de Administração Científica) lançado simultaneamente em Nova York e Londres, em 1911, pela editora Harper & Brothers.

Jules Henri Fayol (1841-1925) no escritório, teorizando sobre melhores formas de organização racional do trabalho – complementando Taylor no sentido top-down (de cima para baixo). Também deixou seu legado para sempre no livro Administration Industrielle et Generale (Administração Industrial Geral) lançado em Paris em 1916.

Como Taylor e Fayol foram mais voltados para empresas particulares, faltava alguém da mesma época mais voltado para a Administração do Estado e de seus órgãos públicos, empresas públicas e sociedades de economia mista. Para preencher essa lacuna, encontrei Thomas Woodrow Wilson (1856-1924), contemporâneo dos dois. Descobri ao longo desta minha pesquisa que, Wilson antecedeu a Taylor e a Fayol em prol da Ciência da Administração.

Thomas Woodrow Wilson (1856-1924), graduado em História e Ciência Política pela Johns Hopkins University, é tão somente conhecido em Política: como Presidente dos Estados Unidos de 1913 a 1921, pelo Partido Democrata, por duas vezes seguidas; laureado com o Nobel da Paz em 1919; como idealizador da Liga das Nações, precursora da ONU (Organização das Nações Unidas). Mesmo quando muito se fala dele, lembram-se por aí que antes de ser Presidente dos Estados Unidos, foi professor e Presidente da Universidade de Princeton. Até mesmo destacam seu lado ruim: “Woodrow Wilson também ficou conhecido por suas convicções racistas: reduziu bruscamente a participação de negros na política em muitos estados dos EUA, apesar de em sua campanha apregoar os Direitos Civis. Além disso, foi um grande interventor militar na América Latina, invadindo NicaráguaMéxicoPanamá e Haiti” (WIKIPÉDIA, 2012).

Mas poucos sabem de grande e maior contribuição de Wilson, para a Ciência da Administração. E esses poucos estão restritos aos poucos pesquisadores do meio acadêmico – mas, curiosamente, sequer faz parte do currículo normal das faculdades de administração do Brasil. Deveria fazer. Explicarei por que, ao longo deste post.

Enquanto jovem professor de Princeton, Woodrow Wilson apresentou em 1.887 um artigo intitulado “O Estudo da Administração”, onde propôs a idéia de separar a Administração Pública da Política. “Preocupavam Wilson os efeitos corruptores do favorecimento político na administração pública, particularmente à luz dos “enormes fardos de administração” que o governo estava assumindo na nova sociedade industrial do país” (REICH, 1983, pp. 79-80).  

Eleito presidente, “com uma só penada, Wilson separou grande parte do governo da política” (REICH, 1983, p. 80), isto é, criou um corpo de funcionários públicos não só técnicos, como também independentes da influência do poder de políticos. Desde então, não só o governo como empresas e norte-americanos em geral vêm providenciando aprimoramento contínuo de suas instituições democráticas, com base na Ciência da Administração que Wilson propôs e implementou. Daí porque, entre outros fatores claro, a Ciência da Administração tem feito dos Estados Unidos ao longo do tempo, a primeira e única potência econômica e militar do planeta, de todos os tempos.     

Como bem destaca Wilson (1946, p. 358): “O campo da Administração é um campo de atividades apolíticas” e “a Administração está fora da esfera própria da política. As questões administrativas não são questões políticas. Embora a política determine as tarefas para a administração, não se deve tolerar que ela maneje as suas repartições”.   

Outros dentre seus inúmeros ensinamentos são:

A Administração é a mais evidente parte do Governo; é o Governo em ação; é o executivo, operante, o mais visível aspecto do Governo, e, naturalmente, é tão antigo quanto o próprio Governo” (WILSON, 1946, p. 350).

A Administração está, por toda a parte, pondo as mãos em novos empreendimentos (WILSON, 1946, p. 352).

A idéia do Estado e o decorrente ideal de seus deveres estão passando por transformações dignas de nota; e “a idéia do Estado é a consciência da Administração”. Vendo-se cada dia novas coisas que o Estado deve fazer, cabe-nos ver em seguida claramente como deve ele fazê-las. Esta é a razão pela qual deve haver uma Ciência da Administração que procure retificar as trilhas do Governo, tornar as suas opiniões mais eficientes, fortalecer e purificar sua organização e incutir em seus deveres a devoção” (WILSON, 1946, p. 352).

“É mais difícil para a democracia organizar a Administração, do que para a monarquia. A própria extensão dos nossos mais caros sucessos políticos no passado nos embaraça. Entronizamos a opinião pública; e nos é vedado esperar durante o seu reinado por qualquer rápida aprendizagem do soberano em perícia executiva ou nas condições de perfeito equilíbrio funcional no Governo. O fato mesmo de que realizamos o Governo popular em sua totalidade, tornou a tarefa de organizar esse Governo tanto mais difícil. De modo a realizar qualquer avanço, devemos instruir e persuadir um monarca múltiplo chamado opinião pública, – um empreendimento muito menos praticável do que influenciar um único monarca denominado rei. Um soberano individual adotará um simples plano e o executará diretamente: não terá senão uma opinião e concretizará essa opinião em uma ordem. Mas esse outro soberano, o povo, terá dezenas de opiniões diferentes. Não podem concordar sobre nada simples: o avanço deve ser feito por meio de concessões, por uma conciliação de divergências, por uma poda de planos e uma supressão de princípios demasiado rígidos. Haverá uma sucessão de resoluções transcorrendo através de anos, uma descarga intermitente de ordens através de uma escala completa de modificações” (WILSON, 1946, p. 356).

“Em Governo, como em virtude, a mais difícil das coisas difíceis, é progredir. Antigamente, a razão disso era que o indivíduo que fosse soberano era, em geral, ou egoísta, ignorante, tímido ou um tolo, – embora, de quando em vez, houvesse alguém que fosse sábio. Atualmente a razão é que os muitos, o povo, que são soberanos, não têm um único ouvido do qual alguém possa aproximar-se e são egoístas, ignorantes, tímidos, teimosos ou tolos, com o egoísmo, a ignorância, a teimosia, a timidez ou as tolices de diversos milhares de pessoas – embora haja centenas que são sábios” (WILSON, 1946, p. 356).

“Noutro tempo, a vantagem do reformador era que o espírito do soberano tinha uma localização definida, que era contida na cabeça de um homem, e que conseqüentemente poderia ser alcançada; ainda que fosse uma desvantagem que tal espírito aprendesse somente com relutância ou em pequenas quantidades, ou que estivesse sob a influência de alguém que só o deixasse aprender as coisas erradas. Agora, ao contrário, o reformador fica atônito pelo fato de que o espírito do soberano não tem uma localização definida, mas é contido em uma maioria eleitoral de alguns milhões de cabeças; e embaraçado pelo fato de que o espírito desse soberano também está sob a influência de favoritos, que não são, entretanto, favoritos no bom e antigo sentido da palavra, porque não são pessoas, mas opiniões preconcebidas; isto é, preconceitos com os quais não se pode racionar porque não são filhos da razão. Em qualquer parte onde o respeito pela opinião pública é o primeiro princípio de Governo, as reformas práticas devem ser lentas e todas as reformas devem ser cheias de concessões” (WILSON, 1946, pp. 356-357).

Embora a política determine as tarefas para a administração, não se deve tolerar que ela maneje as suas repartições. Esta é uma distinção altamente autorizada e nela eminentes autores alemães insistem, como ponto pacífico. Bluntschili, por exemplo, nos leva a separar a Administração tanto da Política quanto do Direito. A Política, diz ele, é a atividade do Estadonas coisas grandes e universais” enquanto que “a Administração, por outro lado”, é “a atividade do Estado nas coisas pequenas e individualizadas. A Política é assim campo específico do estadista, a Administração, do funcionário técnico”. “A elaboração de diretrizes políticas não prescinde da ajuda da Administração”; mas nem por isso a Administração é Política (WILSON, 1946, p. 358).

A Administração Pública é a execução detalhada e sistemática do Direito Público. Toda a aplicação particular de lei geral é um ato de administração. O lançamento e a cobrança de impostos, por exemplo, o enforcamento de um criminoso, o transporte e a entrega de malas postais, o equipamento e o recrutamento do Exército e da Marinha, etc., são todos, evidentemente, atos de administração; mas as leis gerais que obrigam a fazer essas coisas estão, obviamente, fora e acima da Administração. Os largos planos de ação governamental não são administrativos; a sua execução detalhada é administrativa” (WILSON, 1946, p. 359).

O estudo da Administração, visto filosoficamente, é estreitamente relacionado com o estudo da distribuição adequada da autoridade constitucional. Para ser eficiente deve ele descobrir os meios mais simples pelos quais a responsabilidade possa ser inequivocamente atribuída aos funcionários; a melhor maneira de dividir a autoridade sem prejudicá-la, e a responsabilidade, sem obscurecê-la. E esta questão da distribuição de autoridade, quando levada à esfera das mais altas e originárias funções de Governo, é obviamente uma questão central de Direito Constitucional. Se o estudo administrativo puder descobrir os melhores princípios sobre os quais basear tal distribuição, terá ele prestado ao estudo constitucional um serviço incalculável. Montesquieu não disse, estou certo, a última palavra a este  respeito. Descobrir o melhor princípio para a distribuição de autoridade é de maior importância, talvez, sob um sistema democrático, onde os funcionários servem a muitos dirigentes, do que sob outros sistemas onde eles servem a poucos (WILSON, 1946, p. 360).

Será necessário organizar a democracia enviando aos concursos para o Serviço Público homens perfeitamente preparados a enfrentar exames sobre conhecimentos técnicos. Um funcionalismo público tecnicamente instruído, cedo tornar-se-á indispensável (WILSON, 1946, p. 362).

Burocracia só pode existir onde o serviço inteiro do Estado é afastado da vida política comum do povo, tanto os chefes quanto o pessoal subordinado. Seus motivos, propósitos, orientação, sua tábua de valores devem ser burocráticos (WILSON, 1946, p. 362).

Wilson analisa a importância da Administração entre a Política e o Direito, definindo claramente o papel diferencial de cada um.

Para Wilson, inclusive, a Administração tem a função de corrigir e aumentar a eficiência do Governo, bem como tornar mais transparente o Estado. Para tanto, implementou um corpo tecnoburocrático de funcionários públicos livre de ditames de políticos.     

Como se percebe, esses ensinamentos de Wilson são mais que oportunas neste Brasil de hoje sendo passado a limpo da corrupção (espero), como também muito carente de obras de infra-estrutura de logística como decorrente do próprio desvio de dinheiro público.

Quem sabe, se o Brasil desde o início de sua redemocratização a partir de 1985, tivesse conhecimento e aplicado estes ensinamentos de Wilson, não estaríamos ainda perdendo tempo e dinheiro em inúmeros julgamentos como o Mensalão. Nem tampouco necessitando (em regime de urgente urgentíssima) de mega-projetos como o Projeto “Desatar o Nó Brasil” da presidente Dilma Rousseff, para reformar e ampliar obras de Infra-estrutura de logística – conforme amplamente noticiado pela imprensa. Saiba em detalhes no <http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/dilma-da-uma-guinada-radical-em-relacao-a-orientacao-de-lula-e-quer-um-choque-de-capitalismo/>. Muito ao contrário, se o Brasil tivesse pelo menos desde 1985 trabalhado e vivido com Ciência da Administração, hoje seriamos uma potência econômica e militar desafiando os Estados Unidos – porque capacidade nós temos de sobra.

Com este meu post, proponho resgatar e colocar Thomas Woodrow Wilson ao lado de Frederick Winslow Taylor e Jules Henri Fayol, para completar os Três Alicerces da Ciência da Administração.

Também proponho ao Brasil adotar os ensinamentos de Wilson, separando a Administração Pública da Política.

Órgãos públicos, empresas públicas e sociedades de economia mista seriam altamente produtivas, uma vez livres de melindres e conluios políticos.

Funcionários públicos de base ao de alto escalão trabalhariam e viveriam sobejamente motivados, se não ficassem mais a mercê de ameaças de políticos e de sua politicagem, a cada eleição.

E como resultante de toda essa feliz sinergia, o povo contribuinte que sustenta a burocracia de funcionários públicos seria pela primeira vez, devidamente retribuído com créditos sobre impostos que duramente paga: seria atendido como rei (ou rainha) nos balcões de atendimento – com toda a infra-estrutura voltada para solução, e não para dificuldade com a finalidade de “vender” solução.     

É chegada a hora, Brasil! Eu ainda tenho esperança neste nosso Brasil da Era Internet, onde pela primeira vez a quantidade de alunos em Administração supera a de outras classes profissionais (Saiba Mais em <http://oglobo.globo.com/educacao/administracao-o-curso-mais-procurado-no-brasil-3216356#ixzz28EqB6Zi5>). Isto é, a tendência é cada vez mais o Brasil ser Administrado com Administração e com Mentalidade Administrativa – como vêm sendo paulatinamente administrados os Estados Unidos da América do Norte desde Wilson, há um século.  

Pra Frente, Brasil!

Referências Bibliográficas
O GLOBO. Administração é o curso mais procurado no Brasil. Disponível em <http://oglobo.globo.com/educacao/administracao-o-curso-mais-procurado-no-brasil-3216356>. Acesso em 11 nov 2011.
REICH, Robert B. A Próxima Fronteira Americana. Rio de Janeiro: Record, 1983.
WIKIPEDIA. Woodrow Wilson. Disponível em <http://en.wikipedia.org/wiki/Woodrow_Wilson>. Acesso em 02 out 2012.
WIKIPÉDIA. Thomas Woodrow Wilson. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Woodrow_Wilson>. Acesso em 02 out 2012.
WILSON, Woodrow Thomas. O Estudo da Administração. In: Revista do Serviço Público, Maio de 1946, Ano 9, v. 2, n. 2, pp. 349-366. RSP Revisitada: O Estudo da AdministraçãoWoodrow Wilson. Brasília: ENAP, 1946. Disponível em <http://pt.scribd.com/doc/51730737/8-Revisitada-Woodrow-Wilson>. Acesso em 2 out 2012.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012


FOCO & ESCOPO
Foco é o ponto – que queremos atingir. 
Escopo é a circunferência que desenhamos e limitamos a partir do Foco. 
Copyright @ Koiti Egoshi, 01 de Outubro de 2012
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